Emoção e gratidão marcam reconhecimento do Mérito profissional da enfermeira Cremilda

No passado 5 de março, o Rotary Club de Arouca reconheceu o mérito profissional da enfermeira Cremilda Semblano Vieira, há 50 anos a servir os arouquenses. O dia começou com uma Eucaristia celebrada, na igreja do mosteiro de Arouca, pelo Bispo do Porto, D. Manuel Linda, auxiliado pelo padre Luís Mário, facto que deixou a homenageada em júbilo.

“Obrigada, senhor Bispo. Obrigada, obrigada, obrigada”, agradeceu Cremilda Semblano, no final da celebração religiosa. Todavia a gratidão e o obrigado foi repetido muitas vezes ao longo do almoço que se seguiu, e onde foram ouvidos vários testemunhos “da generosidade e cuidado” que Cremilda Semblano colocou no desempenho da sua profissão, e no contacto com os outros, ao longo dos seus 50 anos a residir em Arouca.

“Estou muito agradecida. Vocês nem sabem, é impossível saberem, tudo o que trago cá dentro, hoje, porque é muito”, afirmou Cremilda Semblano, visivelmente emocionada. “90 anos é uma vida longa e boa. Este mundo é muito bonito, se o soubermos viver”, vincou.

Fernando Ferreira, presidente do Rotary Club de Arouca neste ano rotário 2022-23, referiu no seu discurso que a sessão teve “momentos de grande sensibilidade e serenidade, com manifestações de amor, carinho e gratidão”.

Margarida Belém, presidente da Câmara Municipal de Arouca, enalteceu a amabilidade e amizade que a enfermeira Cremilda vota aos outros. “São heróis anónimos como a enfermeira Cremilda que, no cumprimento da sua missão de serviço público, de serviço à comunidade que fazem o futuro todos os dias acontecer e, por isso, devemos não só expressar o nosso reconhecimento, como hoje aqui o fazemos, mas acima de tudo o nosso agradecimento, o nosso sincero e sentido obrigada”, afirmou a edil.

No almoço, iniciado com um momento musical pela Academia de Música de Arouca, dedicado à homenageada, associaram-se perto de uma centena de pessoas, entre elementos do Rotary Club de Arouca, comunidade médica e funcionários dos serviços de saúde, bem como amigos e comunidade em geral.

Biografia

No outono de 1932, a 23 de outubro, Cremilda Almeida Semblano nascia para o mundo e para uma vida longa e plena de dádiva aos outros. Nascia para trilhar um caminho pouco habitual que o torna, visto agora em retrospetiva, ainda mais digno de realce. Nasceu, recorde-se, escassos meses antes de Salazar se assumir como presidente do Conselho, numa altura em que às mulheres tudo era mais difícil e em que a medicina dava ainda passos significativos na sua evolução.

Natural de Nespereira, Cinfães, é filha de Maria José do Amaral Semblano e José Manuel de Almeida, que chegou a ser presidente da Câmara Municipal de Cinfães em1914. Tinha 10 anos quando ficou órfã de mãe, infelicidade que a marcou muito.

Com uma infância e juventude pautadas pelos trabalhos agrícolas e domésticos, mas também pela perseverança, entrou para a Escola de Enfermagem de Santa Maria, na cidade do Porto, apoiada pelos irmãos, de onde saiu em 1962, formada em enfermagem, com 30 anos.

O percurso profissional foi aproximando a enfermeira Cremilda de Arouca…. Estando no concelho vizinho de Vale de Cambra, foi convidada para vir prestar cuidados de enfermagem em Arouca pela Irmã Superiora do Hospital deste concelho, a Irmã Almecinda. Acedeu ao terceiro convite, em 1972, e aqui ganhou raízes, numa comunidade que beneficiou da sua dádiva aos outros.

Começou por trabalhar no hospital da Misericórdia, depois entrou no posto médico onde trabalhava de dia e à noite, conciliando com o trabalho no hospital.

Completou 50 anos de entrega à profissão em Arouca. Aqui ajudou a nascer muitas crianças. Apoiou muitas mães. Não temos registo dos números exatos, mas serão muitos. Quantos de nós fomos tocados, cuidados pela enfermeira Cremilda? No nascimento ou ao longo da vida?

Desde Mansores a Alvarenga, junto com a enfermeira Eulália de Pinho Teixeira, faziam a visita às escolas para vacinação e domicílios aos idosos e dependentes. Conduziam à vez um Wolkswagen amarelo. A condução foi, aliás, mais um arrojo vanguardista de uma mulher emancipada, numa época em que a emancipação feminina era pouco (ou nada) usual.

Para lá da profissão, apaixonou-se por Arouca, pelo seu património cultural, natural e arquitetónico. Em especial o seu mosteiro. A sua tia Ricardina do Amaral Semblano (irmã do avô) foi aqui freira organista e a última a sair do extinto convento de Arouca. Na sepultura número 4 do convento estão sepultadas duas segundas tias, algo que descobriu já após a sua chegada a Arouca. Hoje diz com orgulho que “o convento é sangue do seu sangue”.

Profundamente católica (herança de família!), e orgulhosa da sua crença religiosa, a enfermeira Cremilda é igualmente um exemplo de quem acredita nos seus ideias, os defende e os propaga, com respeito pelas diferenças. Devota e generosa, são várias as dádivas que oferece, nomeadamente à igreja do Mosteiro de Arouca.
Casou aos 45 anos com Manuel Pereira Vieira em Fátima, cerimónia presidida pelo padre Luciano dos Salesianos de Arouca.

Recentemente, por ocasião dos seus 90 anos, reuniu amigos e familiares num almoço, em Arouca, não sem antes os celebrar numa Eucaristia presidida por bispo auxiliar do Porto, D.Vitorino Soares, que se juntou ao almoço festivo.



Mesa de Honra:Cremilda Semblano, Fernando Ferreira, Margarida Belém, Alda Portugal
Rotários Presentes
Fernando Ferreira Presidente do Rotary Club de Arouca e a homenageada
sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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