Responsável adiantou que os amontoados de sobrantes florestais foram os responsáveis por quase todas a ignições  

As alterações climáticas têm feito com que a tradicional época de incêndios se vá alterando, sendo que hoje em dia existem incêndios ao longo de todo ano, tal como adiantou o Comandante da Associação dos Bombeiros Voluntários de Arouca, José Gonçalves, ao nosso Jornal. Exemplo dessa afirmação são os dados que se pode retirar deste ano, no qual existiram um número significativo de incêndios até ao dia 15 de maio (cerca de 116), altura em que, tal como adiantou o responsável, “não existem tantos meios externos de reforço e a primeira intervenção é feita apenas pelos voluntários.”  O mesmo referiu que as ocorrências que a corporação teve nos meses de janeiro e fevereiro, “com temperaturas negativas”, criaram dificuldades de combate devido ao tempo seco e vento forte.  

A situação exposta pode mesmo chegar a ser preocupante uma vez que a “nossa comunidade sempre utilizou o fogo nos espaços rurais”, sendo uma prática tida como benéfica no inverno, “quer para a renovação de pastagens, quer para eliminar sobrantes agrícolas e florestais”. Na perspetiva de JG, em tempos, isso podia acontecer sem problemas de maior, todavia atualmente a sua utilização acaba sempre por criar incêndios, uns de maior e outros de menor dimensão, “mas todos com custos para a natureza e biodiversidade, e com consequências económicas” realça.

No que à área ardida diz respeito é notório que durante a época mais crítica, ou seja, entre 15 de maio e 30 de setembro, foi mais reduzida (cerca de 3.68 hectares), comparativamente ao período entre 1 de janeiro e 15 de maio (cerca de 86.36 hectares). Apesar desta situação atípica o dirigente avançou que fruto das políticas de Proteção Civil implementadas, com a interligação com os três corpos de bombeiros mais próximos das ocorrências, da disponibilidade de dois meios aéreos no imediato, aliados à mobilização rápida de todos os meios disponíveis do Corpo de Bombeiros de Arouca e constante acompanhamento das ocorrências, conseguiram que todos os incêndios fossem extintos em ataque inicial, reduzindo a área ardida.

Incêndios de Verão e os amontoados de sobrantes florestais abandonados

O problema mais evidente que foi identificado pelo Corpo de Bombeiros de Arouca foi que de Verão “quase todos os incêndios que tivemos tiveram início em amontoados de sobrantes florestais abandonados.Material seco, muito inflamável e que propicia a ocorrência de incêndios de grande intensidade”, salientaram. Os mesmo mais informaram o DD que foram alertando as autoridades competentes para a situação e foram-se apercebendo que legalmente não há muito que se possa fazer perante “isso”. Mais precisamente, os sobrantes podem ser deixados e ninguém “os pode obrigar a arrumar”, exceto se estes ficarem em zonas definidas como faixas de gestão de combustível, como as definidas em volta dos lugares ou casas isoladas.

“Certo é que esses montes raramente ficam em espaços desses. Salvar-se-á a responsabilidade de cada um de nós, produtores e até empresários deste ramo, de ao fazermos estes amontoados lhe darmos o devido tratamento, para evitar que estes tenham condições para provocar grandes incêndios”, acrescentou o Comandante José Gonçalves.

Para rematar o responsável pelo Corpo de Bombeiros de Arouca lembrou que hoje em dia a época de incêndios dura todo o ano, sendo por isso necessário refletir sobre o uso do fogo e não o usar de forma negligente. Para isso há que ter em conta as condições meteorológicas, os avisos emitidos pelas autoridades e o risco de incêndio previsto.

Texto: Ana Castro

Fotos: AHBVA