Com sementeira marcada para fins de Abril até meados de Maio, o linho, nesta altura do ano, já se apresentava com imenso mar de flores azuis, um autêntico encanto da natureza. Um pouco por todo o concelho de Arouca, na primeira metade do século XX, era quase de sementeira obrigatória nas casas agrícolas e até se atingir a fase de confeção, sobretudo de mantas, toalhas, lençóis, assistia-se a um autêntico ritual recheado de belas e inesquecíveis tradições. Trabalho, alegria, laços de ternura, fundiam-se num único objetivo, entre cantigas, jogos tradicionais e até promessas de amor.

Durante séculos e séculos, desde os tempos bíblicos, a cultura do linho ocupou povos, civilizações, é mencionada em velhos livros de sabedoria e, em Arouca, nas primeiras Feiras das Colheitas, saltaram das arcas autênticas maravilhas, que deixaram extasiados os visitantes das grandes exposições.

Mês de Julho a chegar ao fim, milhões de flores azuis, o linho a aloirar, aproximava-se a hora dos arrancadores, dos ripinhos, das espadeladas, da moagem nos engenhos movidos a água, dos longos serões ao lume a fiar. Muitas outras fases em que participavam novos e velhos com um único objetivo: o fabrico de peças maravilhosas, que chegaram até aos nossos dias como testemunhos duma tradição que não soubemos ou não era possível nos tempos modernos salvaguardar.

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Texto de (A.B)

Fotos de Carlos Pinho