OPINIÃO | TEMPOS DE MUDANÇA

Nada será como antes. O mundo mudou muito em pouco tempo. A covid19 alterou substancialmente as nossas vidas. A crise sanitária deixar-nos-á marcas profundas: o número de mortes absolutamente inconcebível, a realidade brutal das famílias devastadas pelas perdas, o número elevado de pessoas a quem a covid deixou enormes sequelas na sua saúde física ou mental, a solidão dos mais vulneráveis (sobretudo idosos, deficientes e crianças) marcarão, por muito tempo, a memória colectiva. Em pouco tempo, a pandemia introduziu ou acelerou profundas transformações na nossa vida pessoal, profissional e social. Aprendemos e habituámo-nos a lidar com a incerteza, a ansiedade, a insegurança, a sombra do desemprego, a instabilidade financeira e social. É nestes momentos de maior adversidade que ganhamos coragem e força para enfrentar as mudanças de forma positiva. A crise é uma oportunidade única de mudança que, sem dúvida, é inevitável. Mudança no consumo, no trabalho, na sociedade, na preservação e proteção do planeta Terra, nas rotinas e hábitos quotidianos. Muitas destas mudanças deverão sobreviver ao vírus e moldar o nosso futuro e o mundo do trabalho, por muito tempo, ou até para sempre. É certo que algumas destas mudanças já estavam em curso, mas a pandemia acelerou-as, como o trabalho remoto, as vendas online, a sustentabilidade, a exigência pela sociedade da resposta social das empresas. Outras mudanças estavam mais embrionárias e, de facto, avançaram perante esta crise sanitária, sem precedentes para a nossa geração: o fortalecimento dos valores da solidariedade, empatia e a abolição do modelo de sociedade baseado no consumo e no lucro, optando por consumo consciente e redução de produção de lixo.

Esta crise em que ainda nos encontramos obrigou as comunidades a se unirem e a trabalharem mais em conjunto, a estimularem novos hábitos de saúde e bem-estar, a reforçarem regras de higiene e desinfeção, permitiu maior liberdade na escolha da localidade da residência, fomentou as compras no pequeno comércio de proximidade, proporcionou uma reflexão e um olhar a vida de uma forma diferente, valorizou as áreas naturais e credibilizou a ciência. Não há dúvida que temos de mudar alguns hábitos para melhorarmos o ambiente: reduzir o consumo de água, adoptar uma alimentação mais saudável, evitar o uso de materiais descartáveis, (materiais estes que constituem uma das maiores causas da poluição dos oceanos e ambientes terrestres), preferir fontes de energia renováveis, separar lixos, diminuir o uso dos automóveis, consumir apenas o necessário e evitar compras compulsivas. Preservar o ambiente é um dever de todos nós. A sua degradação avançou muito no último século e já é possível perceber as consequências desastrosas e as mudanças climáticas, (as tempestades, as ondas de calor, as inundações e as secas), tornaram-se a nossa nova realidade, apontando para uma crise ambiental e climática que poderá afectar o futuro da nossa espécie. O nosso planeta enfrenta desafios sem precedentes no que diz respeito ao seu ambiente e clima, que, em conjunto ameaçam o nosso bem-estar. Continuamos a ter a possibilidade de reverter algumas das tendências negativas, de nos adaptarmos de forma a minimizar os danos, de restaurar os ecossistemas e de implementar uma protecção maior do que a que existe actualmente.

Um ambiente saudável é uma realidade obrigatória para uma economia sustentável e uma sociedade equitativa. Para alcançar a sustentabilidade a longo prazo, precisamos de abordar o ambiente, o clima, a economia e a sociedade como partes integrantes. No tempo excepcional em que vivemos, precisamos de cuidar da natureza para cuidarmos de nós. Precisamos dum mundo mais justo, mais próspero e mais ecológico.

Texto de Rosa Morais

sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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