Trabalho digno, acesso a uma habitação a preços justos, um sistema de ensino equitativo e adaptado às exigências atuais e aos desafios do futuro, melhores condições de acesso à saúde, nomeadamente a cuidados de saúde mental, mais espaços de participação e envolvimento cívico, a igualdade de oportunidades e a conquista por uma emancipação pessoal, social e económica são apenas algumas das muitas lutas que marcam as jovens gerações.

Será que estamos perante um “elevador social” avariado que não estamos a conseguir consertar? Estão os jovens alheados da realidade e pouco interessados em fazer diferente?

Na nossa linha do horizonte ecoa a voz de uma juventude irreverente e que quer mudar o mundo, transformando as sociedades em espaços mais justos, democráticos e solidários, e é como resposta a esse desafio que surgem, nas primeiras linhas de ação, as associações de jovens enquanto espaços reais de inovação, criatividade e empreendedorismo, funcionando como catalisadores para a mudança social e como mecanismos geradores de oportunidades, capazes de promover e incentivar uma efetiva, eficaz e eficiente participação social.

No dia 30 de abril comemorou-se o Dia do Associativismo Jovem, um dia de celebração do espírito altruísta de milhares de jovens que se dedicam a causas e projetos promotores do desenvolvimento das suas comunidades, recorrendo às associações de jovens como um instrumento de cidadania e de defesa dos seus interesses e necessidades, recorrendo a mecanismos de promoção da participação e da sociabilidade, potenciando o sentido de pertença comunitária e lutando pelos seus direitos, liberdades e garantias. Seja no campo social ou cultural, seja num âmbito político ou recreativo, na área da formação ou da ocupação dos tempos livres, no ambiente ou no desporto, a necessidade de uma participação ativa e a vontade de provocar a mudança enquanto elemento de pressão governativa, fazem das associações de jovens verdadeiros lugares de consciência e ação cívica, espaços de representatividade de uma comunidade, que, através de uma rede de relações e parceiros, lutam e constroem soluções, dando corpo a um novo paradigma de intervenção social, o de uma cidadania global, aberta ao mundo e capaz de responder, no imediato, às exigências de todos e de cada um.

Os jovens são o presente – já o disse e reafirmo-o sempre -, é no hoje que eles vivem e é no agora que precisam de respostas. Os jovens querem ter voz e ser ouvidos, eles importam-se com o que acontece à sua volta e querem contribuir com soluções para a construção de um presente que se possa tornar futuro. A economia e o emprego, a igualdade de oportunidades e a emancipação condigna da juventude, a saúde e o bem-estar, os Direitos Humanos, a governança, a participação e o voluntariado, a sustentabilidade ambiental e a transição digital são prioridades da ação de jovens que, por todo o país, se envolvem e vivem a cidadania e o associativismo transformando-se em agentes de mudança e inovação nas suas comunidades, em co-construtores do seu próprio destino, diagnosticando problemas e procurando respostas inovadoras e geradoras de impacto social. É neste processo de crescimento e transformação pessoal, profissional e social que se desenvolvem, entre outras, as competências finas, as tão afamadas soft skills, como a liderança e a capacidade de gestão de projetos ou equipas, a comunicação, a criatividade ou o espírito crítico, a solidariedade e a empatia, assumindo uma responsabilidade coletiva que não se limita a criticar, ignorar ou contestar, mas antes a apresentar propostas e a construir soluções conjuntas, mobilizando-se para fazer acontecer.

Através de um diálogo estruturado, assente numa partilha de boas práticas e num trabalho em rede com todos os agentes comunitários, começando por envolver outros jovens, bem como a restante população e as entidades e organizações que a compõem, sem nunca esquecer o papel fundamental do poder local e do Estado Central que devem estar sempre ao lado dos jovens, na primeira linha da concretização de soluções que respondam às suas necessidades e objetivos. Desta forma será possível construir novas respostas para os desafios atuais dos jovens, permitindo que se encontrem soluções inovadoras e disruptivas, potenciando uma igualdade de oportunidades e a justiça social, garantindo aos jovens o acesso aos seus direitos e deveres, tal como refere e defende a Constituição Portuguesa que lhes dedica o seu artigo 70.º, demonstrando a necessidade de os proteger e de lhes garantir condições à sua autonomização e independência.

As associações juvenis e os jovens que as integram não se limitam a reivindicar cidadania, lutam, conquistam e exercem-na, criando um movimento global de cidadania e intervenção.

Associativismo jovem: não é sobre cada um, é sobre todos!

Texto de Cátia Camisão