Próxima Paragem Felicidade | Entrevista a Sérgio Almeida Governador do Rotary Distrito 1970

“Na verdade já existe uma pandemia económica e social à espreita, para além da pandemia silenciosa que se está a abater na saúde mental das pessoas com especial foco nos jovens. O isolamento e a solidão de crianças e jovens em todo o mundo, devido ao encerramento de escolas e consequentes restrições à socialização, têm contribuído para esta nova “pandemia silenciosa” que pode afetar o seu equilíbrio e saúde mental.”

Após frequentar o secundário em Arouca, Sérgio Almeida formou-se em Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (1998), estudou neurociências e comportamento na Academia Alemã Afnb. Desde 2009 que se dedica ao tema da felicidade e humanização no contexto organizacional através de programas que alinham a criação de riqueza das instituições com o bem-estar dos seus colaboradores. É casado, pai, empresário, escritor, investigador, professor universitário, empreendedor social, coach e consultor. Fundou o Seal Group, o Global Healthcare Forum, é Presidente do Brain Research Institute e escreveu o livro “Lemon – Uma viagem para a felicidade”. Acredita que num mundo de tantas “coisas”, serão as causas que nos podem ajudar a sermos mais felizes na nossa vida pessoal e profissional. 

D.D.: É Governador do Rotary Distrito 1970 desde que ano? Nos últimos tempos quais foram e são as suas principais linhas de ação, quais os objetivos que tinha e já viu cumpridos e quais as metas que ainda pretende alcançar para a comunidade? Explique-nos melhor o que é o Distrito 1970.

S.A.: Estou a Governador de 1 julho de 2020 a 1 de julho de 2021. Os meus principais objetivos são o fortalecimento da presença de jovens de mérito no Rotary, o reforço da colaboração profissional entre os Rotários, o apoio a todos os clubes do Distrito 1970 e, sem dúvida, a recolha de fundos para a Rotary Foundation a favor do combate a Poliomielite, a nossa principal causa a nível global. Para este ano ainda tenho como meta a implementação de uma nova área que é o ambiente, para isso iremos desenvolver uma série de projetos a favor do planeta.

Existem cerca de 1.2 milhões de Rotários, 35.000 clubes e mais de 500 Distritos, trabalhamos em equipa com uma missão bem definida e alinhados na cooperação e solidariedade. O Distrito 1970 é composto por 89 clubes que vão de Leiria a Bragança e representam cerca de 2.000 sócios.

D.D.: As estratégias afetas ao núcleo que coordena vão ter efeitos em que raio geográfico? Arouca? Já idealizou mais estratégias que possam unir mais os arouquenses e minimizar as consequências sociais que este contexto pandémico atual está a criar?

S.A.: O raio geográfico da nossa atuação vai de Leiria a Bragança, Arouca incluída. Não podemos esquecer que o Rotary é um movimento mundial com presença em quase todos os países, o que nos permite ter uma ação verdadeiramente global. Um dos contributos que o Rotary Club de Arouca trouxe para a comunidade foi, por exemplo, o apoio às instituições ligadas à saúde no início da pandemia, para além das conferências que tem organizado e que permitem trazer, por via digital, oradores reputados à comunidade.

D.D.: A seu ver quais os desafios que atualmente se levantam para minimizar estes enormes problemas sociais que se tendem a agravar à medida que o fosso entre classes também aumenta?

S.A.: Na verdade já existe uma pandemia económica e social à espreita, para além da pandemia silenciosa que se está a abater na saúde mental das pessoas com especial foco nos jovens. De acordo com um estudo levado a cabo pela instituição de caridade e saúde mental Young Minds (Reino Unido), oitenta por cento (80%) dos jovens inquiridos afirmaram que o coronavírus piorou a sua saúde mental. O isolamento e a solidão de crianças e jovens em todo o mundo, devido ao encerramento de escolas e consequentes restrições à socialização, têm contribuído para esta nova “pandemia silenciosa” que pode afetar o seu equilíbrio e saúde mental.

Para mim, este será um grande desafio: a recuperação das crianças do mundo que deixaram os seus estudos pelo caminho (a Organização Internacional do Trabalho, pelo que se estima que 152 milhões de crianças em idade escolar serão forçadas a trabalhar após o Covid-19).

D.D.: É facto que em Portugal, e mais particularmente em Arouca, muitas crianças não têm acesso a equipamentos tecnológicos para satisfazer esta nova realidade escolar. O Rotary Club ou o Distrito 1970 já debateram sobre esta temática por forma a unir esforços e minimizar estas desigualdades? De que maneira e através de que iniciativas?

S.A.: Este ano lançamos a iniciativa “ENSINO PARA TODOS” numa altura em que o país voltou a confinar, quisemos minimizar as desigualdades no acesso ao ensino. Com as escolas fechadas há várias ferramentas necessárias, que foram adotadas no primeiro confinamento, que os alunos necessitaram para cumprir as tarefas escolares. Por isso, a iniciativa teve como objetivo dotar os alunos mais carenciados das ferramentas tecnológicas necessárias para conseguirem sucesso nos estudos.

Vários clubes do Distrito 1970 de Rotary conseguiram, nos últimos meses, com apoio de empresas e instituições de solidariedade, doar mais de 200 computadores e tablets a alunos carenciados. Para este apoio foram necessários mais de 30 mil euros. A ajuda também chegou aos idosos, nomeadamente aos utentes do Centro Social e Paroquial de Alfena através do Rotary Club de Ermesinde, a quem foram doados tablets e computadores para a realização do projeto “Ginásio da Mente”, o que se traduziu num financiamento superior a sete mil euros. Um apoio fundamental para dar continuidade a este projeto, que permite que os idosos realizem várias atividades, como jogos e leitura, e permite o contacto com familiares.

*Entrevista completa na versão impressa já na bancas

sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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