Maria Salomé Valente Martingo Serdoura completou no passado dia 10 de janeiro 85 primaveras, nasceu em Covelo de Paivó e vive atualmente em Moldes. Foi a primeira e única mulher presidente da Assembleia Municipal eleita democraticamente, em 26 de janeiro de 1977.
De lembrar que as eleições autárquicas de 1976 foram realizadas a 12 de dezembro, estas foram as primeiras eleições para eleger os órgãos locais depois da revolução dos cravos. Foram eleitos 304 presidentes de Câmara Municipais, 5135 deputados Municipais e cerca de 26 mil deputados para as assembleias de freguesia.
Os resultados destas eleições deram vitória ao PS (que conseguiu cerca de 33% dos votos), apesar de ter empatado com o PSD em número de presidentes de câmara. A abstenção rondou os 35 %, o que se pode considerar um número alto visto que nas legislativas portuguesas, desse mesmo, ano roçou aproximadamente os 16%.
A doutora Salomé voltou a realizar um segundo e terceiro mandato como Presidente da Assembleia como resultado das eleições de dezembro de 1979 e de 12 de dezembro de 1982.
Para a celebração do que a sua figura representou para a sociedade e política arouquense, o Discurso Directo realizou uma entrevista com a mesma, para que se conheça, de forma mais pormenorizada, a sua longa e peculiar vida e percurso profissional.
Dr.ª Salomé quando é que iniciou a sua carreira profissional?
O meu curso foi de 53 a 59 na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, depois em 59/60 comecei logo a dar consultas aqui em Arouca.
Na altura as mulheres não tinham as mesmas oportunidades que têm hoje em dia. Quais foram os principais obstáculos com que se deparou ao exercer a sua profissão de médica e posteriormente como presidente da Assembleia Municipal?
Eu fui uma privilegiada porque nunca me senti descriminada, fui para o Porto muito pequenina com 10 anos e nunca tinha saído daqui, tinha muitas saudades. Mas lá tive de me ir habituando, portanto, logo depois uns anos fui para a Faculdade e acabei o curso. Podia ter seguido uma carreira de especialidade mas optei para ir para a clinica geral, porque os meus pais estavam em Arouca sozinhos e eu senti que era desumano deixá-los sozinhos. O meu marido também era médico e concordou vir e para aqui viemos e aqui ficamos. No que toca à discriminação digo-lhe que senti zero, mesmo na faculdade éramos todos amigos.
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