O problema do rio mais limpo da Europa é, precisamente, não o ser”

Anónimo

Circulam nas redes sociais fotos do rio Paiva onde salta à vista a poluição das suas águas. Não é novidade, todos sabemos da má qualidade da água do rio, várias vezes foram interditos os banhos em época balnear, várias denúncias públicas de descargas poluentes foram noticiadas, são muitas as vezes em que isso mesmo se nota a olho nu.

O que já chateia é, apesar da evidência de estarmos perante um rio poluído, continuar-se a repetir – temos o rio mais limpo da Europa (uma ideia até um pouco provinciana, só na Suíça, para dar um exemplo, são inúmeros os rios maiores e mais limpos que o Paiva) – e os poderes públicos a assobiar para o lado.

Consultada a página da associação Arouca Geopark, associação com uma década de existência e cujo primeiro associado é a Câmara Municipal de Arouca, podemos ler que a sua Missão é “contribuir para a proteção, valorização e dinamização do património natural e cultural”, constando como primeiro no seu quadro de valores a “proteção do ambiente”.

Pois! E? O que é que a Câmara Municipal de Arouca fez ou vai fazer para resolver o problema? Será adepta da técnica austro-húngara (perante um problema ficar quietinha e esperar que passe)? Tá bem, a Isabel Silvestre, que não é austro-húngara, é de Manhouce, até canta “corre o rio para o mar”. Os do Porto que limpem!

Por mais quilómetros de passadiços que se façam, por mais pontes transparentes “brutais” que se construam, por mais visitantes que venham a Arouca, não é isso que vai resolver o problema, a não ser que por vergonha da casa suja, finalmente, a limpemos.

Se queremos, mesmo, resolver o problema, se a autarquia quer, mesmo, resolver o problema, só há um caminho a seguir – identificar a origem da poluição e o seu responsável, e usar (se necessário com o poder central) a força da grei para impor o que é de direito numa sociedade civilizada, a prevalência do interesse público sobre o interesse particular de quem polui, ponto.

Texto de Francisco Gonçalves