“Os arouquenses gostam de ver políticos que lhes são próximos e por isso podemos dizer que conseguimos o homem que o povo quer: Fernando Mendes Cabriteiro.”

A poucos meses das eleições autárquicas o DD entrevistou o presidente da Comissão Política do PSD/Arouca, Rui Vilar. A história, a história recente do partido, o percurso de uma “jovem” comissão política, o papel do PSD na oposição à Câmara e a ação política “das maiorias” que detêm nas juntas de freguesias e na Assembleia Municipal guisaram uma conversa que se centrou grandemente no desafio do partido laranja voltar a vencer a edilidade num projeto liderado por Fernando Mendes Cabriteiro. Obviamente que os mandatos de Artur Neves merecem uma análise sendo a maior das críticas feita ao “grande falhanço que foi a variante”.

O espírito de uma Comissão Política

Discurso Directo- O que motivou a sua candidatura a Presidente da Comissão Política?

Rui Vilar – O que me motivou foi a vontade de querer que o PSD Arouca tivesse uma liderança para o ciclo autárquico completamente independente. Que houvesse uma Comissão Política onde o único objetivo é o melhor para Arouca e onde queremos apresentar os candidatos que nos garantam os melhores resultados. Nos últimos anos o PSD Arouca foi acusado de ter Comissões Políticas que apenas serviam para se autopromoverem, acabando sempre por perder eleições. Ora em 2013 isso não aconteceu e conseguimos excelentes resultados pelo que o objetivo é manter a fórmula. Os candidatos serão aqueles que o povo reconhece como os melhores. Da nossa parte contribuiremos para isso sendo que a Comissão Política dará o seu exemplo a começar por mim. Nunca a política me pagou um cêntimo que fosse, seja de salário ou representações, pelo contrário, a minha participação tem sido de muito prejuízo pessoal, familiar e profissional mas ao mesmo tempo de um grande enriquecimento interior. Penso que devemos estar todos com esse espírito.

DD- Acabou por haver uma lista única quando havia também a expetativa de José Paulo Oliveira continuar. O que verdadeiramente aconteceu?

RV – Na verdade o José Paulo Oliveira continuou. Desde a primeira hora que falamos sobre o futuro do PSD e ele é um dos nossos principais apoiantes e revê-se na mesma linha de pensamento, aliás ele foi um dos grandes responsáveis pelo bom resultado em 2013. De resto, ele é uma dessas pessoas que refiro acima, um autarca do PSD reconhecido pela população que o elege sempre de forma esclarecedora sempre que este se candidata. O José Paulo Oliveira é atualmente o Coordenador Autárquico do PSD Arouca, está integrado na equipa e a trabalhar a 200%, por isso, posso dizer abertamente que o José Paulo Oliveira é parte do PSD Arouca.

Em 2017 os arouquenses vão pagar menos IRS graças ao PSD Arouca”

DD – O último ano tem sido, a nível autárquico, politicamente intenso. A que se deve tal?

RV – Creio que as pessoas estão a sentir uma vontade de mudança e estão expectantes no sentido que o PSD apresente caras novas e acima de tudo capazes de vencer a Câmara Municipal nestas eleições autárquicas. É a vontade de mudança. Nós como dirigentes sentimos isso e procuramos ir de encontro aos anseios de todos. Temos elogiado e apoiado o que está bem, através dos nossos vereadores e na Assembleia Municipal, bem como temos criticado o que está mal e temos apresentado soluções. Repare que ainda nas últimas GOP e Orçamento apresentamos várias propostas, com custos baixos ou nulos, no sentido de melhorar pequenos aspetos que podem ter um contributo grande na vida dos arouquenses. Queremos acabar com a subida do preço da água, queremos apoiar a natalidade e os bombeiros voluntários, queremos distribuir melhor o dinheiro pelas freguesias, entre várias outras coisas. As propostas apesar de terem sido elogiadas pelo Presidente da Câmara foram rejeitadas, numa atitude que não entendemos. Procuramos também aliviar os arouquenses da carga fiscal que os afeta e conseguimos, através da maioria que temos na Assembleia Municipal. Em 2017 os arouquenses vão pagar menos IRS graças ao PSD Arouca, isso é um facto.

DD – O que pensa da polémica que envolveu o Presidente da Assembleia, Elísio Brandão e Afonso Portugal na última sessão da Assembleia Municipal?

RV – Penso que não houve polémica alguma, apenas uma troca de argumentos que no calor da discussão da Assembleia Municipal por vezes acontece. O Professor Elísio Brandão tem sido um excelente Presidente da Assembleia Municipal, com uma condução dos trabalhos exemplar que é elogiada por todos os partidos integrantes da Assembleia Municipal, factor demonstrativo das suas capacidades e qualidades. Penso que é um arouquense que deve ser acarinhado, por tudo o que faz por Arouca e pela forma apaixonada e desprendida com que nos representa e promove. Ele é um exemplo de como deviam ser os nossos políticos, desprendido, apenas está na política por amor à causa pública e à sua terra, não auferindo quaisquer outras contrapartidas. Infelizmente ainda temos muita gente que está na política para se promover, para ter emprego e para ajudar os amigos, as pessoas já se aperceberam que isto também está a acontecer na Câmara Municipal. Isso tem que acabar.

DD – Que balanço faz do mandato do primeiro ano da sua Comissão Política?

RV – Muito positivo mas ainda com inúmeras surpresas para revelar. Estamos a conseguir devolver o partido às pessoas, cada vez mais arouquenses dizem que o PSD é o partido da terra, é o partido do povo. Cada vez mais as pessoas, de todos os quadrantes, se revêm no PSD e querem fazer parte da onda de vitória.

O trabalho dos autarcas do PSD

DD – Como tem corrido a articulação entre a Comissão Política e os autarcas?

RV – Excelente. Temos tido uma relação direta e muito próxima com todos os autarcas e estou muito satisfeito. Os nossos Presidentes de Junta são pessoas que além de políticos, são seres-humanos excecionais e que felizmente são próximos e sempre muito sinceros e abertos com a Comissão Política. Sempre se falou nas votações da Assembleia Municipal em que alguns Presidentes de Junta iam contra a orientação do partido mas com esta Comissão Política isso nunca aconteceu, todas as votações foram feitas em consonância com o estabelecido. É uma equação difícil e para a resolver tem que haver sempre muita sensibilidade, coisa que não tem faltado de parte a parte. Quanto aos vereadores só tenho a elogiar o seu trabalho e a sua postura nas reuniões do executivo. O trabalho que efetuam fica muitas vezes na sombra, sem muito protagonismo mas é um trabalho essencial para o desenvolvimento do nosso concelho. Em todas as reuniões fazem reparos construtivos, participam nas soluções e promovem consensos. Apesar de serem muitas vezes ostracizados pelo restante executivo, os arouquenses têm que saber que eles fazem parte da Câmara e que quando a Câmara faz alguma coisa, não são só os que insistentemente aparecem para apertar a mão e para a fotografia que o fazem, são também os vereadores do PSD. Quanto aos membros da Assembleia Municipal, tenho que dizer que particularmente para mim é um orgulho ver aquele órgão presidido pelo PSD e ainda por cima por uma pessoa como o Professor Elísio Brandão. Reconheço, é um arouquense com um currículo exemplar e reconhecido internacionalmente, que em 2013 aceitou o nosso repto e decidiu de forma desprendida ajudar a causa pública arouquense e dar o seu contributo à sua terra. Deixo também uma palavra para toda a coordenação que é feita pelo Líder da Bancada do PSD, Dr. Óscar Brandão, num trabalho dedicado e de altíssima qualidade, fruto também de toda uma bancada que é reconhecida em termos de qualidade e variedade dos seus quadros. Aliás basta participarmos numa Assembleia Municipal para facilmente reconhecer a bancada do PSD como a melhor preparada e qualificada.

DD- Como é ser dirigente do PSD numa terra sociologicamente social-democrata, mas que tem uma Câmara socialista há sucessivos mandatos? Há razões objetivas para que tal aconteça?

RV – Os tempos e as pessoas agora são outros. Estamos preparados para ganhar a Câmara Municipal e sentimos que os arouquenses querem uma mudança. Aliás é natural que após mais de 20 anos de poder socialista na Câmara, existam determinados vícios e compadrios que não são saudáveis pelo que a mudança é necessária. Temos os melhores e mais bem preparados para vencer nas Juntas de Freguesia e a lista candidata à Câmara Municipal será uma surpresa para todos pelo seu nível de competência e proximidade com as pessoas!

As provas de união no PSD

DD – O PSD está “sarado” das sucessivas cisões? Pode garantir unidade ou… pode acontecer outra candidatura na área social-democrata?

RV – O PSD está unido e com vontade de vencer como nunca. Quando nos candidatamos à Comissão Política o nosso lema foi “Unidos para Vencer”. Construímos uma equipa diversificada e capaz de encontrar consensos de união e renovação. Foi também para nós um orgulho contar com a presença e apoio de ilustres arouquenses e militantes do PSD como o Professor Joaquim Almeida, o Sr. Elísio de Azevedo e o Professor Zeferino Duarte Brandão na nossa Tomada de Posse. Foi mais uma prova da união. Estamos bem preparados e as nossas ações estão a dar frutos nos mais variados setores da população. Os militantes voltaram a acreditar e dizem-nos que vamos ganhar. Esta mensagem vinda dos militantes, simpatizantes e dos demais tem sido fundamental para redobrarmos as nossas forças e fazermos as escolhas acertadas.

DD – A vitória em 2013 na grande maioria das juntas de freguesia e para a Mesa da Assembleia, pode ser a base para uma vitória em 2017?

RV – Sem dúvida! Em 2013 conquistamos 10 das 16 freguesias, sendo que com o Presidente Fernando Mendes Cabriteiro, que está a fazer um excelente trabalho, conquistamos a maior freguesia de Arouca, a sede do concelho que é a União de Freguesias de Arouca e Burgo. Conquistamos também a Assembleia Municipal com o Professor Elísio Brandão e subimos consideravelmente em número de votos para a Câmara Municipal. Foi um primeiro sinal claro de que os arouquenses querem voltar a confiar no PSD. Este ano, com a não candidatura de Artur Neves à Câmara Municipal, não tenho dúvidas de que os arouquenses vão voltar a confiar no PSD. Até porque após 24 anos de socialistas na câmara, há determinados vicíos de poder que não são saudáveis e que convém alterar.

A candidatura à Câmara e o perfil dos candidatos e a eventual coligação com o CDS-PP


DD- Que dinâmica está a sua Comissão Política a desenvolver? Já temos candidato à Câmara?

RV – A equipa vai surpreender pela competência e pela proximidade com a população. Os arouquenses gostam de ver políticos que lhes são próximos e por isso podemos dizer que conseguimos o homem que o povo quer e que será o verdadeiro Presidente de todos os arouquenses. O nome do Fernando Mendes Cabriteiro já foi aprovado por unanimidade e aclamação em Comissão Política e na Distrital do partido, faltando apenas o parecer do plenário que se vai realizar nos próximos dias.

DD – E à Assembleia Municipal?

RV – As conversas estão muito bem encaminhadas no sentido de voltarmos a apresentar uma lista de extrema qualidade. No resto, só tenho a dizer que o Professor Elísio Brandão tem feito um trabalho excecional, reconhecido por toda a população e até por todos os quadrantes políticos.

DD – Qual é a estratégia para as candidaturas às Juntas de Freguesia?

RV – Reforçar o número de Juntas de Freguesia com candidatos competentes e próximos das pessoas. Uma vez que já temos claramente a maioria das Juntas de Freguesia o objetivo passa por as conquistar na totalidade, é para isso que estamos a trabalhar. Os arouquenses normalmente revêm-se nos candidatos e nas equipas que apresentamos.

DD – Vamos ter uma coligação com o CDS-PP?

RV – O PSD e o CDS-PP sempre tiveram um papel muito importante na história política de Arouca, são partidos que comungam de princípios semelhantes. Sei que a direção do CDS-PP de Arouca tem a mesma vontade de mudança, no entanto se porventura as duas forças se unirem num determinado momento, a meu ver seria o sinal mais do que evidente que venceríamos a Câmara Municipal. Sobre isso, a seu tempo será apresentada uma resposta pelos dois partidos, o que posso dizer neste momento é que o PSD está a fazer o seu trabalho e a trilhar o seu caminho e parece-me que o CDS-PP está a fazer o mesmo. A única coisa que posso dizer é que reconheço ao CDS-PP quadros de qualidade, uma Comissão Política ponderada e qualificada, que quer contribuir com excelentes ideias para o futuro de Arouca. E isso é bom, com ou sem coligação.

A gestão de Artur Neves e o “grande falhanço que foi a variante”

DD – Quais os aspetos (que podem ser positivos, ou negativos) destaca da gestão de Artur Neves?

RV – O Presidente está em final de mandato, agora o tempo será outro. Como disse acima, há muita coisa feita pelo executivo que tem o aval e participação do PSD, quer através dos vereadores, quer da Assembleia Municipal e dos Presidentes de Junta. Apoiamos e aprovamos o que está bem, criticamos e apresentamos soluções no que entendemos errado. Não posso em final de mandato deixar de destacar o grande falhanço que foi a variante, que foi prometida há 11 anos e desde aí nada foi feito, bem como recentemente a questão da água e do saneamento, pois com a mudança continuamos com muitos locais sem saneamento básico e o preço da água tem sofrido e ainda vai sofrer aumentos muito grandes.

DD – Que visão crítica tem do trabalho do Executivo e da Assembleia Municipal?

RV – Penso que o executivo devia ter mais abertura para as propostas do PSD, tanto no executivo como na Assembleia Municipal. Por exemplo ainda recentemente no capítulo dos impostos, o PSD propôs uma negociação tendo em conta o equilíbrio de forças que existe entre o Executivo Municipal e a Assembleia Municipal mas o Executivo não quis negociar e manteve-se intransigente, o que levou a um chumbo do PSD na Assembleia Municipal. O que vemos é uma constante postura do “quero posso e mando” que não é saudável nem democrático. No entanto, como tenho referido, o PSD Arouca tem procurado apresentar soluções, apoiar o que concordamos, no sentido da gestão autárquica ser a melhor para os arouquenses.

DD – E a ação política das outras bancadas?

RV – Confesso que por vezes não percebo certas posições, como quando o PS não apoiou uma moção apresentada pelo PSD Arouca que visava unicamente defender os arouquenses na questão do preço da água, mas talvez sejam posições do jogo político-partidário. O certo é que nas outras bancadas há também gente muito competente, que muitas vezes se unem no propósito maior que é o superior interesse do concelho de Arouca, facto que é de salutar.

A candidatura de Margarida Belém e PS

DD – Acredita que o PS vai apresentar Margarida Belém como candidata à presidência da Câmara?

RV – Sei que muitos arouquenses e muitas pessoas no PS pensam que não é a pessoa ideal para liderar os destinos do nosso concelho, daí estarem a retardar a apresentação de um candidato mas como deve compreender isso é uma escolha do PS.

Desenvolvimento do concelho e competitividade

DD – Como caracteriza o atual estado de desenvolvimento do concelho? Qual o principal entrave?

RV – Penso que o principal entrave é a atração de novas empresas, de grande escala, para trazerem mais movimento fixo, mais dinheiro e mais postos de trabalho. Penso que o executivo devia ter uma espécie de gabinete de relações públicas para as conseguir atrair. Mas antes disso, devemos fortalecer e apoiar as empresas que já estão no nosso concelho, nomeadamente através de medidas de incentivo que podem começar pelo alívio nos impostos e na construção e melhoramento das infraestruturas que apoiam as nossas empresas. Qualquer concelho que se queira liderante tem que ter um forte tecido empresarial. Temos imenso potencial, temos território e muita gente empreendedora com muito valor e capacidade de trabalho, que têm muito para oferecer e fortalecer o nosso concelho. É o próximo passo.

DD – O que terá falhado para que a principal obra (via estruturante) não esteja ainda concluída, e muito menos iniciada? O que pode e deve ser feito?

RV – Uma total falta de peso político da autarquia para com o governo central. Infelizmente quem sofre são os arouquenses. Tenho-o dito que sabemos, até pelo trabalho que desenvolvemos com autarcas vizinhos, que a constante mudança de projectos também prejudicou o seu avanço, bem como o facto de certas pessoas quererem monopolizar o feito apenas para si ao invés de unir toda a gente pelo mesmo desígnio. Nesse campo honra seja feita a Armando Zola que uniu todos os arouquenses, desde os empresários, às associações e todas as forças locais, inclusive com o município da Feira, para conseguir a primeira fase que até ao momento é o único troço que temos. A estratégia devia ser essa. Por outro lado temos outras ligações, como a estrada nacional até ao Chão de Ave e a estrada que liga Rossas a Escariz, que podem e devem ser melhoradas, sendo que os custos serão muito mais baixos que a construção da Variante e seriam alternativas muito úteis aos arouquenses.

DD – O que pode e deve fazer Arouca para ser um território competitivo?

RV – No fundo uma mescla do que fui dizendo acima, desde a aposta num tecido empresarial forte, bem como na união de esforços de todos, deixando de lado os partidos e os jogos políticos. Será importante termos também gente mais capaz, com contatos e influência junto dos concelhos vizinhos e em Lisboa, no governo, isso é fundamental para trazermos mais-valias e investimento para Arouca.

Entrevista: Andreia Borges

sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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